TROVAS NOVAS 82
Anda cá, vinho bastardinho
És da vinha a melhor casta,
Se tens vontade, eu alinho
Tua qualidade me basta!
Sou, talvez, o tal viajante
Que no mundo procurou,
Mulher, seja constante,
Tal mulher nunca achou!
Há mulher no mundo inteiro,
Que grãos d’areia e de pó;
Mas pra amor verdadeiro,
Não há mais que uma só!
Eu creio, medito, estouro,
Que inda tu não me queirs,
Depois do cheiro a ouro,
Que me sai das algibeiras!
Um estudante de renome,
Quis pintar do sol, a c’roa,
Mas tão pobre, tanta fome,
Que pintou pequena broa!
Tua mãe é bem uma pestinha,
E tu tens o mesmo condão,
De mau trigo, má farinha,
De má farinha, mau pao!
Todo o homem sem dinheiro,
É com rajada de vento,
Qualquer fogo d’ele ligeiro
Pode ter um refinamento!
Dizem que a igreja em Roma,
Já existe esta solução:
Por uma pequena soma,
D’um islâmico, faz cristão!
És como a vela que pus,
Lá no altar-mor sagrado,
Bem que dou bastante luz,
Mas é como tu, apagado!
Não qu’ria mais ventura,
Qu’esta palma merecer,
Que a minha boca procura,
Nem um cabelo meter!
O amor que te tinha d’antes,
Era de pêlos, bem macio,
Vê lá tu, já perdeu bastantes,
Já nem aquece com tanto frio!
Não se pode perder tempo,
A vida passa depressa,
Amar! Viver! Comer e beber,
Porque breve tudo : cessa!
. AMIZADE É: Um conselho é ...