QUADRA GLOSADA 257
Mote
Não canto por bem cantar,
Nem por cantar bem, digo:
Canto só pra fantasiar,
Magoas que trago comigo!
==Velhinha, centenário quadra popular ==
Glosa
É este meu grande enleio,
Dentro de mim sinto penar
Não aceito o galanteio,
Não canto por bem cantar!
Nem canto que pareça,
Qu’espalhar que cantar consigo,
Por isso não perco a cabeça,
Nem por cantar bem o digo…
Que foi uma certa mulher,
Cujo amor me fez vibrar,
É dom como outro qualquer,
Canto só pra fantasiar…
Até me julgo ser bem santo,
Seja o que for é meu oligo,
Assim, mal ou bem canto,
Magoas que trago comigo!
AMOR TEMA ENCANTADOR…
Pra trovador sabedor!
DELICADAS LEITORAS(ES):
Quando se lida co’o amor,
Tantas vezes n’um enleio,
Investigue, veja, com rigor,
Olhe, senso é certo meio!
Um venturoso amor tem,
Muitas “moscas” em cardumes,
Que à sua volta vê-se bem
Que só agem com ciúmes!
Mas no amor sempre foi assim,
-- Cuidado com tua amiga?...
Pode tentar o mesmo fim,
Confiar, tem que se lhe diga!
Quando jovem, passei por tudo,
Tudo!... Ouve bem, acredita,
Por isso mesmo fiz um estudo,
Que muita reflexão necessita!
Amor é um Deus complexo,
Quando chega apaixonante,
Então quando perde o nexo,
Fracassa sempre adiante!
Tudo tem que ter medidas,
Mesmo co’as tais “labaredas”,
Pensa bem são duas vidas,
Em horas ditosas ou azedas!
Podes dizer: Este só escreve…
…Só tem douta linguagem…
Eu no amor, foi, almocreve,
Gozei, sofri, sei como reagem!
Desde que o mundo é mundo,
S’escreve tudo sobre amor,
Que o assunto é profundo,
Que erra o sábio sabedor!
Não passo d’um mau poeta,
Todo género d’amor m’inspira,
Por vezes com ideia dilecta,
Que bem no fundo me delira!
A meu modo tomo partido,
Pra escrever tantos poemas,
Pra mim o doce Deus Cupido,
Um dia faz, traz, problemas!
Todos amores da mocidade,
Me causaram dissabores,
Até que chegou a F’licidade,
Bem séria co’a DOLORES!
Sobre ela e…seu puro amor
Digo, meu conceito persiste,
É um sentimento com primor,
Caros, amigos, existe!...existe!
PS:
Pra quem me lê e não lê,
Termino, fui sim, maçador
Digo: há-de chegar a você,
Ou já chegou o seu AMOR!
SAUDE E MOCIDADE
Se alguém procura a saúde,
Pergunta-lhe primeiro se está
Disposto a evitar no futuro as causas
Da doença; em caso contrário,
Abstém-te de o ajudar.
Cada hora de tempo perdido na mocidade
é uma possibilidade
a menos nos sucessos do futuro.
Bonaparte , Napoleão
ESTIMADOS AMIGOS:
Pensem: saúde e mocidade,
Duas riquezas, sim senhor!
Digam lá com seriedade,
Se não merecem todo valor!
Por estranho que pareça,
Estas desejadas riquezas,
Não nos passa p’la cabeça,
Precisam de boas defesas!
No tempo havia genica,
Qu’esperem, amanhã faço,
Tudo em redor se complica,
Qualquer acção tem passo!
Co’a saúde não há respeito,
A ideia nisto se condensa,
Seria eterno e escorreito,
Pra que pensar na doença?
A mocidade era festa
A gozar da noite e dia,
Agora é que ela presta,
É de não perder a folia
Riquezas, momentos santos,
Sem nunca haver apuros,
Sem pensar que os encantos,
Um dia vão pedir juros!
Mas o tempo corre sem freio,
Tudo a saúde dá resposta;
A doença chega de permeio,
Mocidade foi-se, imposta!
Nisto todos somos iguais,
A factura é, uma doidice,
Estas contas certas gerais,
Só se pagam na velhice!
Pensa nas asneiras que fez;
Pensa como foi imbecil;
Meu Deus foi, embriaguez,
Minha juventude civil!
Se o tempo voltasse atrás,
Evitaria tais brincadeiras,
Eu sei bem, qualquer rapaz,
Fazia as mesmas asneiras!
Não se pensa em doenças,
Mocidade é, incontrolável,
Porque é tarde pra ver dif’renças,
Que vê em si condenável!
Esbanja-se saúde e juventude,
Riquezas pela vida fora,
Vê-se velho sem atitude,
Até o tempo fazer penhora!
A sofrer com tantas lembranças,
Torturado com estas verdades,
Que sabe, vê, sem esp’ranças,
Dores! Velho! Com saudades!
Com riquezas entre mãos,
Perdeu tudo, isto descobre,
Que aqueles momentos sãos,
Com tanto amor vê-se pobre!
O bom tempo, não regressa,
Da mocidade e boa saúde,
Dia a dia, aflige não cessa,
A pedir, que Deus o ajude!
Isto comigo aconteceu,
Aconteceu tudo e, mais
Mocidade desapareceu,
Saúde? Só está a dar ais!
AMOR E AMAR MATA?...
Amor! Amar é, sonho doce,
Que na vida nos aparece,
Um grande amor, sempre trouxe,
Aquilo que qualquer desconhece!
Amor é sonho que mata,
Escreve um ditado traidor,
Se é sonhe, d’isso não se trata,
Se mata… não é não, amor!
Amor não mata, dá vida;
Morrer d’amor é viver
Nossa’alma na alma qu’rida,
Que nos sabe compreender!
Amor---Um sonho que mata?
Engano, isso não pode ser,
Amor será coisa “abstracta”,
De ventura pode-se viver
O amor entre duas pessoas,
Tem muto que se lhe diga…
Meu Deus que almas tão boas,
Deve ter havido intriga!
Amar, por vezes é engano,
Que mata nosso bem qu’rer,
Mas é amor, forte, humano,
Que logo quer tudo a correr!
Amar é um tempo gentil,
Desabrochar de primavera,
Que nos enche d’encanto mil,
Do qual muita coisa s’espera!
Tempo d’amar não se olvida,
Pela nossa vida toda ecoou-a,
Perfuma ou reabre a tal f’rida,
A recordar certa pessoa!
Assim, não olhe a medidas,
Seja o amor, isto ou aquilo,
Porque são sempre duas vidas,
A lutar n’um mar intranquilo!
. AMIZADE É: Um conselho é ...