A SERRA DA LOUSÃ.
Oh! LOUSÃ majestosa de verde floresta,
D’esplendor das acácias abrir em Fev’reiro,
É um verde amarelo por todo lado, inteiro
Que nos extasia, já na Primavera em festa!
Do alto vê-se o Arunce, o meigo ribeiro,
Que forma a piscina fluvial, que empresta
Alguma espiritualidade que inda resta,
Na alma agitada do actual forasteiro!
Nas encostas da serra há aldeias de xisto,
Talasnal, Candal e mais… que visitar insisto
D’aconselhar sem pressas do sensato turista…
A serra da LOUSÃ é, das Beiras o “Amazonas”,
Se gostas de serras, aqui jamais a abandonas,
É da mãe Natureza que te vai ficar na lista!
A NOSSA MÃE!
Amamos as nossas mães quase
sem o saber e só nos damos conta
da profundidade das raízes
desse amor no momento
da derradeira separação.
O coração das mães é um abismo no
fundo do qual se encontra sempre um perdão.
Há qualquer coisa de divino
No coração de nossa mae,
Qu acompanha nosso destino,
O amor eterno se mantém!
Seja o que for que aconteça,
Ou que s’envolva seu filho,
Ela nunca o afasta da cabeça,
Alguém o desviou de seu trilho!
Uma mãe tem alma sup’rior,
Todo bem-qu’rer nela s’aninha,
Lembro sempre esse amor,
Que dedicado foi da minha!
Uma vez fiz grande asneira,
Não segui seus conselhos,
Qu’eram bons à sua maneira,
Me perdoou d’olhos vermelhos!
Não há como amor maternal,
Nem requer mesmo, contas
O que faz pelo filho é terno,
Só se forem cabeças tontas!
Com minha mãe fui perfeito,
Até àquele fim de Dezembro,
Que Deus fez seu triste feito,
Foi pró Céu mas eu a lembro!
Amor de mãe é, dor funda,
Qu’eterna n’alma s’arruma,
O ditado diz: nunca confunda
Como mãe não há nenhuma!
O TEMPO TEM SEMPRE TEMPO!...
Viva sempre a favor do tempo,
sabendo que perder tempo
é desperdiçar a vida e correr
contra o tempo é maltratar o coração.
Se tempo é dinheiro, não gaste
ele com bobagens. Faça do tempo seu
aliado que o retorno é garantido
Ninguém pode voltar no tempo e fazer
um novo começo, mas podemos
começar agora a fazer um novo fim.
Um dia iluminado pra você!
O tempo é tempo irrecuperável,
Como sabes, como conheces,
Aproveita o que restas amável,
Isto no tempo é o mais viável
No melhor, no pior que atravessa!
Sei, foi o tempo que te fez “jarreta”
que pouco a pouco ficamos, assim
Ninguém s’atreve, com ele se meta,
O tempo é um furação d’um planeta,
Ou Galácia, d’essas que não tem fim!
O tempo acompanha o ser humano,
Com tudo que vive toda terra,
Tudo fica sob este fatal dano,
Seu poder é assim soberano,
O tempo tem tudo à frente, não erra!
O tempo, regula, marca, (de)termina,
A vida de cada mortal na hora certa,
De partir de vez pra “mansão” divina,
É implacável não espera, assina,
Assim, severo, da terra nos liberta!
O tempo sempre geriu assim o mundo,
Nada valem, pragas, guerras, escarcéus,
Pra todos, seja rico, ou vagabundo,
É um relógio certo que ao segundo,
“Manda” todo Universo pra os céus!
QUADRA GLOSADA 253
Mote
Eu sei que gostas de mim,
Embora digas que não,
A boca nem sempre diz,
Como palpita o coração!
== Velhinha quadra popular ==
Glosa
Sempre entre nós estas brigas,
Dizes, não…eu digo sim!...
Embora me contradigas,
Eu sei que gostas de mim!
Porque negas?... Dissabor
Gastar palavras sem razão,
Adivinho o teu amor,
Embora digas que não!
--Quando não tenho sossego,
Há um pensar mal de raiz,
Tudo faz parte do chamego,
A boca nem sempre diz!
Sim, nos lábios pode-se ver
A sempre eterna canção,
… Nem vale a pena dizer,
Como palpita o coração!
DUAS LINDAS TROVAS GLOSADAS ==254 e 255 ==
Mote
Ouçam: ouvi dizer alguém,
Quanto sofre um coração,
Co’a amargura que vem,
D’um amor sem retribuição!
== Velhinha trova popular ==
Glosa
Amar pode ter bom brilho,
Isto há séc’los se mantém,
Muito amor é um sarilho,
Ouçam: ouvi dizer alguém!
Revelar assim, sentimentos,
Um dia arranja confusão,
Pode ter poucos argumentos,
Quanto sofre um coração!
Que não sabe como domar,
Que deixou de ter entretém,
O dia-a-dia tem que lidar,
Co’a amargura que vem…
…Atrapalhar seu fadário,
Com tanta, tanta atracção,
Ver, sentir, o triste calvário,
D’amor sem retribuição!
TROVA GLOSADA 255
Mote
Amor---sonho que mata….
Mentira—Não pode ser,
Deixa falar o ditado,
Amar!...Amar é, viver!...
== Trova de M. Carolina Ramos ==
Glosa
Deve ser mentira com raiz,
Não pode ser o que relata,
Há um ditado que nos diz:
Amor---um sonho que mata…
Mas um bom poeta disse:
Garantiu com todo saber,
Mata?... Mas que patetice,
Mentira!... Não pode ser!
O amor não é assassino,
É de todos o maior agrado,
É quem rege nosso destino,
Deixem falar o ditado…
Deve ser palavras antigas,
Que o poeta contradiz,
Amor! Amo-te são cantigas,
Amar! Amar é viver!
AS "COISAS" DOCES NAS VINDIMAS
Vindimas dão alegrias,
Em todas as ocasiões,
Em que os Manéis e Marias,
Dão beijos nos corrimões!
O bago, ao ser beijado
Pelo vivo sol criador,
Toma cor, enamorado
Tem doçura, tem amor!
Os cachos dão fartura
Na casa do vinicultor,
…Á permitir-lhe a ventura
Em Coimbra o filho a doutor!
No corrimão, dei-te um beijo,
Quando a vindima acabou,
Vindimado, dá-nos ensejo,
De beijar quem m’abraçou!
Uvas são iguais aos beijos,
Quando doces são tentação,
-- Olha Maria, meus desejos
D’amor mexem co’a paixão!
Está a videira despida,
Mas passados uns dias
O gosto da esgalha esquecida,
Dá um gozo d’alegrias!
É como o beijo roubado,
Entre a copada videira,
É mais doce, delicado,
Dá-se de qualquer maneira!
Assim faz o meu Man’el,
Apanhou-me distraída,
Aquele beijo deu-me o anel
No dedo pra toda a vida!
No fim a grandiosa festa,
O baile foi a embriaguez
Dançamos tanto que resta
Em nove meses somos três!
Esta foi a feliz vindima,
Que na minha vida tive,
Foi o “cacho” da estima,
Que hoje entre nós vive!
O OUTONO CHEGOU…
== 2014 ==
Não permita que o outono lhe tire a esperança da primavera…
O sol é um amigo que festejamos na primavera, evitamos
no verão, adoramos no outono e choramos no inverno!
Em Portugal já temos o Outono à porta,
Já se sente o mau tempo por todo lado,
Dias de chuva, tristeza, tudo agitado,
O vento! Trovoada até, frio que corta…
Já s’esqueceu o Agosto deixou tudo queimado,
É sempre assim, o presente é que importa,
Assim, é a nossa vida, só é jardim ou horta,
Quando tudo sorri e se vê em bom estado!
Hoje por exemplo, troveja, há raios fortes,
No Céu os relâmpagos auguram mortes,
Quem sabe o que se passa por Portugal além…
Mas é Outono, tempo incerto, tudo se espera,
Deus sabe o que faz, breve chega a Primavera,
Oxalá que atrás d’ela a esp’rança também vem!
QUADRA GLOSADA 239
Mote
Seu jeito é de sedutora,
Raramente se vê,
Tem a palavra senhora…
Pecam a pensar em você!
(Trova de Luis Octávio Bras.)
Glosa
Quando passas teu ar atiça,
Por ser um nada pudor,
Eu digo: cativas, enfeitiças,
Seu jeito é de sedutora!
Na rua tomas esta postura,
Dás nas vistas, eu sei porquê,
Assim com tanta formosura,
Raramente a gente vê….
Quem escuta pode ouvir
De prazer há um clamor,
Porém não sei definir,
Tem a palavra senhora!
Tens um porte bem perfeito,
Que nesse conjunto se lê,
Que é fatal esse efeito,
Pecam a pensar em você!
CADA UM É POETA!...
Para o poeta a maior tragédia é
Se o admiram porque não o entendem."
(Jean Cocteau)
Ser poeta não é apenas dizer grandes coisas,
Mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.
(Mario Quintana)
Não critiques o poeta, assim à toa
Primeiro avalia seu estro a rigor,
Não é “louco”, escreve sobre o amor,
Dentro, encerra muita coisa boa!
Se o poema tem tristeza ou dor,
É porque dentro de si algo ecoa,
Com rasto dorido que o magoou-a,
Desabafa, é seu jeito, trovador!
Fraco? Nem todos têm o dom de Pessoa,
Tem sua Musa que o atordoa,
Vê a maneira como é sonhador…
Qualquer poema que faça é proa,
Com tempo plenitude amontoa,
Dá o que tem, não o critique por favor!
QUANDO ELA PASSA!
Sempre quando ela passa,
De olhos postos no chão,
Por menos ruído que faça,
Sente-a meu coração!
A calçada que ela pisa
Sorri ao vê-la passar,
Ela não anda desliza,
Como a nuvem pelo ar!
Quanta ternura s’esconde,
No fundo de seu olhar
Murmuram as pedras onde
Os seus olhos vão passar!
E, tremula, a doce aragem,
Da calçada com ciúme,
De flor celeste a passagem,
Banha-se no seu perfume!T
E o poeta que demora
Na sua torre de ilusão,
Súplice brada: Senhora
Não ponha os olhos no chão!
. AMIZADE É: Um conselho é ...