NOVACALLIOPE

                                               O tempo, não o vi em novo,

Deus! Que pensamentos?

Sei lá, não havia renovo,

Só a juventude tinha alentos!

Se caíres? Olha não desistas

Com Fé ergue-te e, cantas

Em frentes há conquistas,

Que muito breve desencantas!

Não contes com benefícios

Que o tempo grato t’ajude,

Encontras só sacrifícios,

E vais perdendo tua saúde!

O tempo é aquela cobra,

Que s’enrosca invisível,

Quando vimos sua manobra,

Não há saída possível!

,

Quando jovem o tempo voa,

Não se liga a tal corrida,

Amanhã faço, há proa,

Enfrentamos o tempo na vida!

O tempo tem certa bitola,

Vai à frente, sempre solto,

No vimos como nos enrola,

Sou o tempo… jamais volto!

Quando olhamos para nós,

É que notamos a gravidade,

Do tempo que passa veloz

n’um grande manto de saudade!

Talvez na alma regresse,

É sempre esta profecia,

Mas o tempo permanece,

No seu caminho cada dia!

  Vivemos nesta esp’rança,

A lutar co’o tempo em vão,

Que imparável avança,

A levar-nos n’outra direcção!

O tempo é, igual pra todos

Leva pobres, nobres no barco,

As ndas têm os teis modos,

Que nos atira pró mesmo charco!

Um dia junto do espelho,

Pasma co’a figura que tem,

Murmura: Meu Deus estou velho

Não sabe mesmo culpar, quem…

É fácil ou iste ver a imagem,

Com tão horríveis destroços,

Faz plásticas com coragem,

Qua não revivem os ossos!...

Diz-se do tempo assim:

Não tenho temo pra nda,

Quem o perder afim

Pode ver a conta errada!

Co’o empo só há derrota,

Nem co’a ajuda da ciência,

No momento não se nota,

Mas conta co’a consequência!

Atrás do tempo vem os anos,

Com todos seus problemas,

Se são reluzentes teus planos,

A situação mostra-te as algemas!

Isto é fraca filosofia,

Nada sou, nem n ada valho,

Pra esmiuçar a poesia,

O tempo já me fez cangalho!

SER VELHO….

(Auto-retrato ou auto-critica! …)

Na mocidade aprendemos, na velhice compreendemos.

Marie von Ebner-Eschenbach

A idade está nos livros que leu, nos erros que se cometeu,

nos amores que conheceu,

nas oportunidades que perdeu, em tudo que se viveu

Cícero

Sou velho, bem velho, neste velho mundo,

Onde emigrante trabalhei como um mouro,

Pra ávido amealhar um pouquinho ouro,

Pra construir a casita, meu sonho jucundo!

Não vi, que ficava velho; um dia dava estouro

Meu Deus que velho estou, tudo confundo,

O Abril passou, hoje sou um velho gemebundo,

Quem perde a mocidade, perde o maior tesouro!

Que valor é ter tudo se é velho, “imundo”,

Até já pra comer precisa de babadouro,

E, outras coisas mais, que me deixam furibundo?...

Está visto, estou velho; pior há o agouro,

Jarreta, arrasto os pés, quase moribundo,

Poeta matusalém, que nunca terá pelouro!

QUADRA GLOSADA 143

Mote

Ó rosa não t’arrependas,

Deixa-te estar na roseira,

Enquanto estiveres viçosa,

Não faltará quem te queira!

(Velhinha quadra popular)

Glosa

O cândido, é mesmo causador,

Pra tudo fazer parte das prendas,

Causar tudo esse frescor,

Ó rosa não t’arrependas!

Entre os amores-perfeitos,

A honra sempre foi a primeira,

O teu habitat é dos eleitos,

Deixa-te estar na roseira!

Terás amantes aos pontapés,

Esta é tua posição garbosa,

Veres todo mundo a teus pés,

Enquanto estiveres viçosa!

Pensa, e não pense m ais nada,

Esta é opção verdadeira,

Assim, linda imaculada

Não faltará quem te queira!

QUADRA GLOSADA 129

Mote

Estou gasto, velho doente,

Mas muito me satisfaz,

Ver o mundo andar prá frente;

Embora eu ande pra trás!

(Quadra de A. ALEIXO)

Glosa

Esta tristeza que me inunda,

Hoje digo comovente,

Com saudade bem profunda,

Estou gasto, velho doente!

Dizem coisas de mim sem valor;

Dizem qu’escrevo incapaz,

Co’a mania de trovador,

Mas muito me satisfaz!

Vejo o desenvolvimento,

Alegro-me, estou ciente,

Hoje a ciência dá alento,

Ver o mundo andar prá frente!

Assim não penso no futuro,

Pra quê? Já nada sou capaz,

Comigo saudoso murmuro,

Embora eu ande pra trás!

SETILHA GLOSADA

Mote

Dizem poetas e letrados,

Que Deus criu a mulher,

D’um osso de pai Adão,

Creia  a peta quem quiser,

A melhor opinião,

É ter sido fabricada,

D’uma talhada de melão!

( Setilha de Ferreira Mesquita)

Glosa

Nem é preciso esmiuçar,

Eu tenho bons resultados,

A mulher é a alma do lar,

Dizem poetas e letrados!

Alguns de EVA fazem arresto,

Eu sou um poeta qualquer

De tal, leigo, não contesto,

Que Deus criou a mulher!

A cultura nisto é suspeita,

Aqui duvido?... Porque não?...

Senão que a mulher foi feita

D’um osso de pai Adão!

Falar disto não há unidade,

Não foi Adão, foi Lúcifer,

Assino, isto não é verdade,

Creia o peta quem quiser!

Alguém com sabedoria,

D’uma costela é a versão,

Talvez d’outa magia,

A melhor opinião!

Não são não, mariposas,

Deus fez obra esmerada,

Pra mim, talvez de rosas,

É ter sido fabricada!

Pr’alegrar nossas vidas,

A mulher ficou a doce visão,

Todas EVAS foram produzidas

D’uma talhada de melão!

MULHER ANJO DO LAR

( A pensar na DOLORES)

É mais claro que o sol, que Deus criou a mulher para domar o homem.

Voltaire

Todo mundo admira e ama à mulher sensual, a excepção é seu marido." 
Voltaire

Elogiar a mulher bem feminina,

Com respeito que nos agita,

É um prazer que qualquer fascina,

Até uma morta ressuscita!

Toda mulher tem em si um mundo,

Pra que o homem descubra,

O imenso amor que tem lá no fundo,

N’uma fogueira bem rubra!

A mulher adora fina delicadeza,

Adornada de fulgor,

Saber galantear com subtileza,

Que está ali ao seu dispor

A mulher, a aurora matutina,

No nosso alvorecer,

Primeira luz que surge cristalina,

Lindo áureo rosicler!...

Estrela que nos surge luminosa;

Fanal de promissão,

a tornar-nos a vida venturosa;

bem digna de atenção!

Ela é a nossa querida companheira,

A alegria do lar;

Activa, diligente, rasenteira,

Uma flor de encantar!

Ela é a nossa vida, o nosso encanto,

A luz que nos inspira,

Digan do nosso culto sacrossanto,

Qual jóia se safira!

A minha reverência, a saudação

A esta diva da minh adoração!

QUADRA GLOSADA 121

Mote    

Morena de olhar profundo,

Não tropeces na fogueira,

Há certas quedas no mundo,

Que ferem na vida inteira!

(Velhinha quadra popular)

Glosa

Com desejo eu te chamo

Penso de segundo a segundo,

Quando passas eu t’aclamo,

Morena d’olhar profundo!

Agora tais pragas não digas,

Saltastes de qualquer maneira,

Assim, queimastes as ligas,

Não tropeces na fogueira!

Deve-se consultar o coração,

Não se deve ser vagabundo,

Depois de não ouvir a razão,

Há certas quedas no mundo!

Por vezes galantes ditos,

Que ditos de tal maneira,

São ditos tão malditos,

Que ferem na vida inteira!

QUADRA GLOSADA 120

Mote

Para que não te iludas,

Com amigos, pensa nisto…

Foi com um beijo que Judas,

Levou à cruz Jesus Cristo!

(Quadra de ANTÓNIO ALEIXO)

Mote

Podes contar com estouro,

Dos amigos fixes as ajudas,

Nem tudo que luz é ouro,

Para que não te iludas.

É uma dica pra dilemas,

Com “calo” dizer, insisto

Não contes todos teus problemas,

Com amigos, pensa nisto…

Proceder bem tem, sentido

Tudo tem raízes agudas,

Na Ceia Jesus foi traído,

Foi com um beijo de Judas.

Não é do mundo segredo,

Nada tem de imprevisto,

Foi assim, com gesto tredo,

Levou à cruz Jesus Cristo!

CARNAVAL NO RIO É UM DESAFIO

O carnaval é uma festa de criança encenada por adultos

Marcos Creder

Rio de Janeiro ou Bahia é a terra de música carnaval

e muita alegria, Rio de Janeiro ou Salvador é a terra do Cristo Redentor.

Chris Brito Christiana Brito

Dicas de carnaval: Se beber não dirija, bloco

não é ringue, carro não é avião e travesti não é mulher.

Jonata Lopes

Carnaval no Rio, não é, luxo nem fulgor,

É gente a trabalhar com alma ano inteiro,

Pr’apresentar um Carnaval bem brasileiro,

Pró mundo dizer, tudo bom, faz-se com amor!

Que o turismo leva d’ali seu rico dinheiro,

Pra diversão como deve ser com esplendor,

Pra ver um Carnaval maravilhoso de cor,

Não há outro pra ver, só no Rio de Janeiro!

No Brasil, tudo começa, quando termina,

No dia seguinte, cada bairro logo domina,

Pra ser vencedor no próximo ano com brio…

Calculo o trabalhão pra tantas fantasias,

Mas vale a pena, despender todas energias,

Pra ouvir todo mundo, Carnaval só no RIO!

QUADRA GLOSADA 105

Mote

Deus, que nos vê lá de cima,

Alma d’esta alma, Qu’rida,

Juntou-nos, somos a rima,

Da linda quadra da vida!

(Velha quadra popular)

GLOSA

A lei do amor não é nova,

Assim este amor anima,

Beijos d’amantes são a prova,

DEUS, QUE NOS VÊ lÁ DE CIMA!

Meu bem, assim justifico,

Esta ideia te elucida,

Aceita o amor que te dedico,

ALMA D’ESTA ALMA, QU’RIDA!

Não faço pecados d’amor,

É isto muito acadima,

Deus, também é trovador,

JUNTOU-NOS, SOMOS A RIMA…

Isto é um sonho sortudo,

Talvez loucura atrevida,

Meu desejo é fruir tudo,

DA LINDA QUADRA DA VIDA!