TROVAS NOVAS 53
MOTE
Tu lembras, florista airosa,
Santa Isabel de Aragão:
---Ela de pão, --fez as rosas,
Tu, das rosas,--fazes pão!
(Quadra de Silva Tavares)
Glosa
Tu, as faces tens a cor
Da mais purpurina rosa;
Co’os teus lábios em flor
Tu lembras florista airosa!
Coimbra, teu berço encanta,
Em perene adoração
Linda Rainha santa,
Santa Isabel de Aragão!
A mulher de D. Dinis,
Deus foi, das mais formosas,
Por milagre, a lenda diz,
Ela, de pão, fez as rosas.
Se gentil aos meus amores,
Alimenta essa paixão,
A Santa, do pão, fez as flores…
Tu, das rosas, fazes pão!
CURIOSIDADE POÉTICA
Sem fugir à ética!
Rimar com alma vou ver se hoje posso,
Mas não quero cair tanto em alvoroço,
Não arrisco, sou um poeta dos tais moço,
Além d’isso meu glossário não tem caroço!
Talvez algumas palavrinhas, compor posso
Um soneto com belos adjectivos adoço,
Não sou Tolentino em verve carne e osso,
Gosto, sigo, o clássico d’ele nunca troço!
Talvez digam que a boa poesia destroço,
Por favor, nada criticas antes do almoço,
Depois podem.me atirar, sem dó ao fosso….
Versejo como sei,, é este meu padre nosso,
Pois não me considero poeta um colosso,
Porque talento verboso, douto é o vosso!
COMO VEJO O MUNDO ACTUAL.
Choramos ao nascer porque chegamos
a este imenso cenário de dementes.
O mundo não está ameaçado pelas pessoas más,
e sim por aquelas que permitem a maldade.
O mundo, este nosso mundo, está… i---mundo,
D’absurdos. mazelas em tudo causa espanto,
Há corrupção clara que mora em canto a canto,
Que o poder, influente é o mais vagabundo!
Então a moral é tão aviltada que, adianto
De tão cheia de podres, está mesmo no fundo,
O amor? Safismo! Uranismo, isto confundo
Que nunca julguei ver, ouvir tal desencanto!
Falando do labéu do sexo está abusivo,
Há já, vejam (?) isto em palco sexo ao vivo,
Pra gaudio de gente, que o mesmo é capaz…
Este é um ponto (?) deste mundo sem nexo,
Depois do sujo negócio que se vê co’o sexo,
Isto do coito ao vivo assim é, pra um audaz!
BOCAGE IRÓNICO
“Ó serena amizade!
Tu prestas mais que Amor: seus vãos favores
São caros, são custosos.”
Amor em sendo ditoso
Costuma ser imprudente,
E nos gestos de quem ama
Logo o vê quem o não sente."
“Rasga meus versos. Crê na eternidade.”
MAGRO,DE OLHOS AZUIES,CARÃO MORENO…
Assim, BOCAGE ironizou sua figura,
Mas sabe.se ele era um Adónis ameno,
Que na corte movia-se com compostura!
Romântico! Madrigalesco, naquele terreno
Dotado d’uma incomensurável cultura,
Que galantear ou mesmo no simples aceno,
Bastava pra se sentir n’uma aventura!
Este seu soneto satírico de seu retrato,
Claro, não é, nao de modo algum exacto,
Assim se descrevia por graça, tantas vezes!
Pina Manique,, seu acérrimo rival, matreiro,
Por inveja, dizem, lá o enviou prá Limoeiro,
O ELMANO SADINO dos poetas portugueses
AQULE ALEGRE VELHINHO…
Existe um tempo certo para cada coisa,
momento oportuno para cada propósito debaixo do Sol:
Tempo de nascer, tempo de morrer;
tempo de plantar, tempo de colher
Biblia
Vem ouvir as histórias cá dos pequenos,
Perseverante, no banco, ouve qualquer dito,
Aquele bom velhinho por vezes vê-se aflito
Até se ri os nossos feitos pouco serenos!
Fica calado— Escuta. Talvez sonhos plenos,
Fizeram d’ele um triste sábio proscrito,
Adoramos aquele velho d’olhar contrito,
De tê-lo ali mesmo com seus graves acenos!
Quantas vezes, fica triste, quando nós troçamos,
--Conte-nos uma lenda---pra rir imploramos,
E principia…Um barco fantasma com encantos…
Ou, quando eu era moço….Na vida fui tonto,
Quando eu era jovem…é o fim do seu conto,
De tais lembranças nos seus olhos corriam prantos!
PREITO A CAMÕES
Jamais haverá ano novo se continuar
a copiar os erros dos anos velhos.
Os bons vi sempre passar/ No mundo graves tormentos;/
E para mais me espantar/ Os maus vi sempre nadar/
Em mar de contentamentos.
Bardo de todas Musas com saber e arte,
Versejou tudo no LUSÍADES este lusitano,
Em estilo único, eloquente, soberano,
Que é recitado nos liceus por toda parte!
Assim, da tua lira, não há qualquer engano,
Que passados séc’los todo mundo quer amar-te
És bem deste pequeno torrão o estandarte,
Pode-se ler o teu lusismo contra o castelhano!
São eternos teus épicos sonetos e cantos,
Quem lê, colhe fonte de saber, quiçá, santos
Só nos faz recordar a lenda co’o Adamastor!
Hoje, todos te prestam as maiores homenagens,
Pra quê? Por quê?... São hipócritas vassalagens,
Se te deixaram morrer na pior miséria e dor!
MINHA VISITA AO MECO.
Que Deus me perdoe se peco,
A curiosidade ali me leva,
Fui hoje à praia do MECO
Raio! Nunca vi tanta EVA!
Afinal, fiquei “impávido”
Nem mesmo d’alvoroço” farto,
Não é nada de ficar ávido,
O melhor é o nosso quarto!
Tudo precisa d’um bom reflexo,
Pra fazer bem, com vigor,
Como sempre o prazer do sexo,
É feita com vontade e amor!
Agora vejo, foi arrojo,
Ver mulheres e homens nus,
Assim, pra mim mete nojo,
Que d’excitar não há luz!
Não gostei, velhas e velhos,
Com peles rugosas caídas,
Não foi bom ver tais espelhos,
São sim de decrépitas vidas!
Aquelas figuras bacantes,
A passear pelo MECO fora,
São pra mim meros pedantes,
Que a moral n’eles já não mora!
Penso que seja última chance,
D’alguém com fim matreiro,
De reviver sensual romance,
Ou pescar alguém com dinheiro!
O FESTIVAL DO FADO EM ALFAMA
(2013)
Saúdo o Museu do Fado,
Por tal se ter lembrado
Enfim o festival do fado,
Lá na velhinha Alfama
Vai ter de todos agrado,
Com fadistas com tanta fama!
Amália vi estar presente,
Nesta noite perto da Graça,
Lá o Panteon consente,
Até este evento abraça!
Esta tão nobre melodia,
Que é o fado cá de Lisboa,
Merece esta categoria,
A recorda Ary e Pessoa!
Alfama, revive o passado,
Com um festival de glória,
O fado deve ser (con) sagrado,
Como parte da nossa história!
Claro vai ser triunfante,
Com poetas e artistas,
O sucesso será marcante,
Com sorte pra os turistas!
O fado tem seu museu,
É Património Mundial,
Não digam que é plebeu,
A culminar tem um festival!
Oxalá que tão bom evento,
Tenha, pois continuidade,
Porque o fado é testamento,
Que a Severa deixou à cidade!
Saúdo todos organizadores,
Pela escolha ser em Alfama,
Sagrar fadistas e trovadores,
Que nosso povo tanto ama!
No decorrer deste festival,
Quarenta fadista afamados,
De todo agrado do pessoal,
Que serão de pé aclamados!
Uma noite irei a Alfama,
Quero com meus ouvidos,
Ouvir tão feliz programa,
Há muitos artistas metidos!
Serei sempre um estranho,
Amo o fado e a poesia,
Velho amante, acompanho
A evolução desta melodia!
No meu tempo de rapaz,
Da vadiagem em Alfama,
Meu fraco coração jaz,
N’um cantinho da Parreirinha!
Sim, este festival vai ser
Um inesquecível triunfo,
Que a cidade deve manter,
Como de turismo trunfo!
É DEMOCRACIA OU PLUTOCRACIA?
A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos
São iguais em certo sentido, acreditou-se
Que todos fossem absolutamente iguais entre si.
Estimados cidadãos:
Ouçam minha leitura é…A poesia
Porque esta, pelo menos inebria
A minh’alma vive em vermelho,
D’ouvir d’amarga crise o furo,
Que já nem o ousado Coelho
Não resolve, nem está SEGURO!
Lá na “babilónia” d’assembleia,
É sempre a mesma verborreia,
Que podia dar-lhe mil sinónimos,
Eu, poeta, sem ser conselheiro,
Se é falta d’um Midas com dinheiro,
Vendam S. Jorge, Batalha e Jerónimos…
…Mafra! Mais o barracão de Belém,
O fulvo sol do Algarve, que tem
Uma pletora e imensa plutocracia,
Muito maior que o rico KATAR,
Assim, meus senhores, podiam salvar
Portugal desta tão grave agonia!
Outrora minas d’ouro do Brasil,
Foram sim, a curial salvação subtil…
Dizem havia ouro por todos cantos;
Hoje, pra nos salvar deste pleito,
Cá no meu ver, sensato, seja feito
Vender “isto” à Isabel dos Santos!
Os milhões vindo do céu de Bruxelas,
Deviam ter as devidas cautelas,
Com gente capaz, honesta, com juízo,
Pra darem no seu tempo boas contas
Se calhar tinham medo das afrontas,
Até hoje nenhum assume o prejuízo!
Resumo: vejam este desassossego,
Um milhão ou mais no desemprego,
Deslustre, bancos, todos de joelhos,
Perante tão preocupante crise,
Que dizem pra salvar este deslize,
Nem Seguro nem mesmo mil Coelhos!
O grande alvoroço de tudo isto,
Sabemos não há culpados, está visto
Porque têm reformas bem chorudas,
Pior é a difícil penúria da plebe,
Que tem que pagar o que come e bebe,
Inerme não tem de ninguém ajudas!
Apregoa-se o bom da Europa unida,
Ora vejam, vejam, hoje nossa vida,
Caímos após Vinte Cinco d’Abril,
Julga-se já que o pior de tudo,
Apoiaram o Euro em vez do escudo,
Junto d’uma democracia…incivil!
Democracia?... Foi uma quimera
Metade do país não sabia o que era,
Foi aceite, apesar de tantas asneiras;
Hoje essa metade está…inglória,
Já dizem: breve vai se ler na história,
Precisa-se de plantar dez OLIVEIRAS!
QUADRA GLOSADA 81
Mote.
Nossos pecados?... Cantigas,
Que o tempo a seu tempo esvai,
Rapazes e raparigas,
Beijai-vos sempre, beijai!...
(Quadra do cancioneiro popular português)
Glosa
Já vai sendo impertinente,
Não quero que repitas ou digas,
O que diz tua mãe frequente,
Nossos pecados…Cantigas!
Todos esses indecentes pecados,
Tua mãe os fez com teu pai,
Intimidades de namorados,
Que tempo a seu tempo esvai!
Com amor fico satisfeito,
Beijos na boca, não são figas,
Em namoro, tirem proveito
Rapazes e raparigas!...
O amor pra ser bem coberto,
Sempre que possam tentai,
Eis o que vos digo experto,
Beijai-vos, sempre, beijai!...
. AMIZADE É: Um conselho é ...