NOVACALLIOPE

A NOSSA FELICIDADE

(À DOLORES)

A felicidade humana geralmente não

Se consegue com grandes golpes de sorte,

Que poucas vezes acontecem,

Mas com pequenas coisas que acontecem todos os dias.
(Benjamin Franklin)

A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido.
(Maxwell Maltz

A fórmula da minha felicidade: um sim, um não,

 uma linha recta, um objectivo.”

(Friedrich Nietzsche

Pra que precisas tu que a cada instante

Eu te repita o meu amor? Pra quê?!

Não se dá mais um coração constante,

Afirmando a constância que se vê!

De resto, todo amor vive de Fé;

E, quer se esteja perto quer distante,

Se porventura ela nos falta, crê

Que pra nos amparar nada é bastante!

Deixa-me, pois, olhar-te silencioso;

Curva-te pra meus olhos, vê se eu minto

Sê ditosa como eu sou ditoso.

Há todo um mundo n’um silencio nosso,

E quando eu digo tudo quanto sinto,

Falo baixo, de mais f’licidade não posso!

 SAUDADE INFINITA

                                                                                    (Soneto para a”despedida” alguém

Que morre…)

 A morte não nos rouba os seres amados.

Pelo contrário guarda-os e imortaliza-os na nossa

Recordação. A vida é sim, é que no-los rouba

muitas vezes e definitivamente…(?)

Ainda não era velho – que amargura

Deixas o mundo abandonando a vida,

E sempre na saudade enternecida,

Lembrança tem espantosa postura!

Saudade que não finda!... Que perdura

Pela tua memória estremecida,

N’essa magoa profunda, tao sentida

E todo sofrimento e desventura!

Saudade viva – nada mais s’espera…

-- Envolvendo a noss’alam desolada,

Como os troncos a prender folha d’hera…

Que tristeza, eu vida atormentada…

Agora é sempre escura a primavera…

Nunca mais tem fresca madrugada!

O SABIO E A MULHER.

A mulher gosta dos homens infelizes;

Se não os encontra, fá-los (?)

A mulher é um doce e terno mistério que todo

Mundo adora sem conhecer ( S. DUBAY

A mulher é um ídolo em quanto o homem não a derruba (?)

Tenho um amigo erudito, d’alto estudo,

Sagrou-se em filosofia com vinte valores,

Sabia de tudo, dava conselhos, aos doutores,

Pra completar este elogio, um sábio, graúdo!

Gostava d’ ouvi-lo, era dos bons pensadores,

Suas palestras eram cheias de bom conteúdo,

A plateia murmurava: -- Será que sabe tudo,

Do amor, mulher, não dá bons ou maus louvores?!

Até que um dia alguém perguntou aos mestre:--

-- Senhor, há algo cá no mundo terrestre,

Vimos, não fala da mulher de tanto agrado..?

…Sobre esse ser: -- Ouve meu talentoso amigo,

É um enigma tão espectacular, tão antigo,

Que sobre mulheres o melhor é ficar calado!

MEU DESPERTAR

O velho é um homem que já

Comeu e que está vendo como os outros comem. (Balzac)

A velhice é uma idade de experiência;

mas há muita gente nova, que na experiência é caduca. (?)

"A velhice é uma tirania que proíbe,

sob pena de morte, todos os prazeres da juventude.-

 La Rochefoucauld , François

Hoje acordei, no espelho vi com espanto,

Tornei a olhar, nem qu’ria n’aquela imagem,

Era o Nelson, velho, a prestar homenagem

Ao tempo, que me está a colocar ao canto!

Nem qu’ria acreditar nesta “sacanagem”,

Sempre fui amigo do tempo, que adianto,

Não devia, agora, dar-me este desencanto,

Velho sim, mas sem doenças até à “viagem”,

Aliás pra ser franco, nunca pensei com senso,

Ser velho, velhice, neste “inverno” imenso,

Que parece ser duro, vai ter muita porcela…

Fazendo contas, só tive um grande dissabor,

O escândalo do fracasso do primeiro amor,

Mas a Dolores, mostrou-me como a vida é bela!

UM JARDIM FAZ-SE ASSIM!...

Ainda temos muito a aprender sobre

A melhor forma de fazer política monetária.

Não é merecedor do favo de mel aquele que evita

 A colmeia porque as abelhas têm ferrões."
William Shakespeare

"Em todas as coisas, o sucesso depende de preparação prévia."
Confúcio

Os políticos e as fraldas devem ser mudados

Frequentemente e pela mesma razão."
Eça de Queiroz

Este País, pra uns, é mesmo um JARDIM,

Era só pedir grana e, ninguém pedia contas,

Era pra tudo… e, todas as obras eram prontas,

Pudera, o Potosi, pra ele não tinha fim!

O JARDIM é culpado? Bem aqui, há pontas

Se ele via o controle das finanças era assim

Pedia, pedia e dizia: ora, isto não é pra mim,

Aquilo lá em Lisboa são cabecinhas tontas!

Culpas? Claro foi o governo devasso socrático,

Que nunca é castigado isso é sintomático,

Nós, o povo, vamos pagar estas asneiras…

Todos sabemos, a corrupção não tem castigos,

Porque todos eles, são entre si, amigos,

Há, dizem pr’aí JARDINS outras Madeira (s)

A MULHER E O LAR.

Que seria o homem, sem a mulher?

Um ente rude, grosseiro, solitário.

A mulher é quem põe em torno dele as flores,

Como certas trepadeiras floridas que nos bosques rodeiam

Os troncos das grandes árvores

Com suas grinaldas olorosas.

(Chateaubriand)

Há sempre uma mulher no íntimo das grandes coisas

(Lamartine)

A importância da mulher no lar é, sublime

Trabalha! Alegra! Ama tudo em seu redor,

Vive seu Paraíso até, ao pequeno pormenor,

Co’o cônjuge toda sua harmonia comprime!

Tudo faz pra que a vida corra pelo melhor,

Sorri! Graceja, se nota nuvens, então prime

Todo seu bom humor pra que não s’aproxime

Temporal, por rotina sabe, é, sempre pior!

Eis o papel gostoso da mulher na vanguarda,

Que nestes casos  é mulher é, anjo da guarda;

Quando ama, ama mesmo, exibe o exemplo…

Feliz do homem qu’encontra mulher assim,

Sua vida torna-se um verdadeiro jardim,

Ver seu lar, na quietude santa d’um templo!

MADEIRA ILHA DE SONHO.

Era uma vez… Uma excelsa sereia

Que surgiu das profundezas do mar,

Trazia no colo um coral, raro, invulgar,

Que se metamorfoseou em ilhas em cadeia!

Assim, nasceu a Madeira como vou contar:

Ilhas Selvagens d’ encantos exóticos, cheia;

Porto Santo, bem santo que todos incendeia,

E, uma dúzia de ilhéus que no fazem sonhar!

Quando ali chegou João Zarco e Tristão Vaz,

Não sabia que foi a sereia co’o raro coral,

Fez nascer a ilha onde fauna e flora toda faz…

Pelo funcho do lugar deram o nome FUNCHAL,

Frutos! Rendas! Vinho, hoje o mundo satisfaz,

Co’o título famoso, é o coral de PORTUGAL

(Cemitério da minha aldeia

Nossa Senhora da PEGADA

Foz de Arouce == LOUSÃ)

DIA DE FINADOS

Os mortos são na vida os nossos vivos.

 Andam pelos nossos passos,

trazemo-los ao colo pela vida fora e só morrem connosco.
(Florbela Espanca

Não morremos para nós mesmos:

 morremos uns para os outros e,

às vezes, uns pelos outros.
(Bernanos

Dia de Finados. De campa em campa vagueio

A recordar triste alguns do meus familiares;

Aqui e ali, vizinhos, até amigos escolares,

A saudade apoderou-se de mim, em cheio!

Campo Santo, mas é o mais lúgubre dos lugares,

Ali vejo o Ti’Zé, homem, tinha todo asseio,

Junto da esposa, Maria, que foram no meio

Pessoas que muitas vezes me deram jantares1

Leio as lápides: “Aqui jaz um homem bondoso…

Ó se foi bom, bom de mais, até carinhoso,

Mas sua hora chegou, com avançada idade…

Paro na campa de minha Mãe; leio o soneto,

Que lhe dediquei com meu coração em preto,

D’um incomensurável e  infinda saudade!

MINERVAS.

(Dedicados à certa menina

Que ironicamente: disse:

-- Olá Sr, Poeta quando é que

Me dedica um poema…?

(1)

Ouve, Isto é o que te dizia

Donde veio o grande efeito:

-- D’um olhar, talvez direito

Ou d’alma cheia de poesia!

Esta misteriosa magia,

Domina, empolga com jeito,

-- Que te repondo satisfeito,

Mas, legal outra coisa qu’ria!

Vi que me perguntavas mais,

Que és dona do desejo meu,

Co’os pecadinhos habituais…

Então exemplifiquei assim:

Não sei o que dava beijo teu,

Será exagero ou será frenesim?

(2)

Na luz de teus olhos castanhos,

Há mundos d’encantamentos,

Que perscrutam meus pensamentos,

Cheios de desejos, locos, tamanhos!

São todos esses afrontamentos,

Que tornam meus dias estranhos,

N’essa doçura, vendo tantos ganhos

Que me dão sensuais intentos!

O fulgor que de teus olhos vem,

Não é brilho que possa enganar,

É a essência d’amor que convém…

Assim, nada mesmo pode alterar,

-- Não é pecado pra ninguém,

N’essa alma nobre, n’esse olhar

                                                                                          ESSE CÉU NÃO È SÓ SEU…

O amor é como fogo: para que dure e preciso alimentá-lo.
(François de La Rochefoucauld)

I LKA, esse Céu orgíaco é d’efeito,

L  lustre poético que tanto cria,

K amasutra, acto perfeito,

A tiça ainda minha varonia!

B  acante, não tanto como qu’ria,

O  rgasmo já não é escorreito,

S  onho com alguém que um dia,

S  atisfaça esse desejo direito!

E   ncha d’erotismos toda cama,

B  anho d’orgasmo que derrama,

O  sculos e ósculos de fúria…

S  anto Deus, ILKA, eu deliro,

S  ofro muito quando isto refiro,

E  sse CÉU é o meu Céu de luxúria!