QUADRA GLOSADA 32
GLOSA
Deus fez-te a boca formosa,
D’um rubi partido ao meio,
De leite e botões de rosa,
Formou-te as ondas do seio.
(Quadra famosa de Guerra Junqueiro)
MOTE.
É verdadeiro este assunto,
De tua figura assombrosa,
Não é só todo teu conjunto,
Deus fez-te a boca formosa.
Teu lindo olhar e tua face,
Isto não foi não, devaneio
Foi o que Deus com classe,
D’um rubi partido ao meio…
Isto não é lenda é real,
Do poder imenso que goza,
Deus compôs teu corpo, afinal,
De leite botões de rosa!
Deus na sua suprema grandeza,
Faltava o toque no floreio,
Pra culminar toda beleza,
Formou-te as ondas do seio!
SINTRA EDEN TERRESTE
Sintra é pra visitar e fruir seus encantos,
Qualquer descrição que se faça te defeitos,
A flora é tão rica, tão linda por todos cantos,
Eleita pelos noivos que lhe prestam preitos!
Ali romantismo, bucolismo faz arfar peitos,
É o Éden terrestre em todos seus recantos,
Grutas! Bosques! Alfombras, verdes parapeitos,
Por ali passearam rainhas, reis, ó tantos…!
O palácio é real é talvez mais é um sonho,
Que ultrapassa tudo em belo, que proponho
Visitem Sintra desde o centro, à Pena real…
Lagoas Azul! Palácios, Monserrate! Seteais,
Por ali andou Byron e todos nobres mundiais,
Que Sintra é o Éden deste lindo Portugal:
ETERNAS LEMBRANÇAS.
Quando chega a idade, resta lembrar o Outrora,
Isto ou aquilo e, tantas vezes em pormenor,
Quanto a mim, minha sensibilidade é pior,
Porque recordo mais o inverno que a Aurora!
Parece que foi ontem, tudo mudou de cor,
Intimamente na minh’alma tudo lá mora,
Que a ingratidão d’aquela mulher colabora,
Pra encher, frequente meu peito de tanta dor!
O amor, cor-de-rosa, quase sempre deixa…vinagre
Que bebemos pela vida fora, sem milagre,
Pra românticos que sofrem sempre sem piedade…!
Quanto mais idade temos, mais vivo se recorda,
É como um bom relógio , não precisa de corda,
Que aos poucos nos mata de constante saudade!
POETA NÃO SOU…!
Eu poeta não sou, nem um dia quero ser
Escrevo versos só por puro passatempo,
Penso deixá-los, suceda o que suceder,
Já notei há muito que é perder tempo!
Sigo o conselho d’alguém ainda insonte,
-- Talvez esse, julga-se assim conselheiro —
Claro, também já compreendi bem defronte
Inculto como é, só pensa ser trapaceiro!
Digo adeus a esta inteligente e bela arte,
É poeta quem nasce poeta, capaz
Eu não posso levantar esse estandarte,
Ser poeta precisa ser culto e, sagaz!
Já me despedi com tristeza de Camena,
Uma vez que não sei bem cultivá-la,
E aqui compreendo o meu final com pena,
Só vos digo, amigos: quem não sabe, cala…!
Assim, nesta idade e, pra ter algum juízo,
Pra enveredar por competente trovador,
Um poeta precisa de falar d’amor e sorriso,
Eu estou velho só rimo saudade e, dor!
É isto que penso sincero, não me iludo,
Poesia é, muitos mais que boas rimas,
Eu, amigos, que nunca tive estudo
Digam-me posso fazer obras primas…?
Isto é dignidade com tudo em cima,
Astros poetas, abundam aos montões,
Se trato mal –como dizem a rima
Melhor assim, nunca pensei ser um Camões!
Sou poeta amador, d’alma preta,
Saber que não há nada mais me ilude,
Faço versos que vão pra gaveta,
Onde milhares estão odres sem saúde!
Será prematura aflição?
Sentir, notar que a vida passa e, qu’rer viver
E pensar, em, cada momento a morte s’aproxima,
Tanto gosto da vida e ver que tenho estima,
Que ‘inda mais m’aflige saber que vou morrer!
Tenho pena deixar a Dolores com dor em cima,
Mas a vida é… um de nós tem que desaparecer,
Deixa lá meu bem, não chores, isto vai suceder,
Vou esperar por ti, S. Pedro é bem me reanima!
Nesta idade, só espero a morte segura,
Cada dia que passa é tenaz esta amargura,
Quando sou feliz com tão amante companheira…!
Reconheço, não posso ser eterno, tenho pena
Pra ficar perto de ti, co’a minh’alma serena,
Peço-te, enterra-me ali, sob a minha figueira!
MINHA PRIMEIRA VEZ!...
(Facto verídico)
Recordo, foi ali perto do Largo do Camões,
N’um quarto andar, n’uma velha mansarda,
Que eu, neófito ainda cheio d’ilusões,
Encontrei uma “zorra” de rotina em barda!
Era minha primeira vez em tais situações,
Era jovem demais, nem sequer tinha barba,
A “menina”, “afeita” ajudou a tirar a “farda”,
E ganhei alma! Perdi o pejo, pra tais”funções”…!
A “senhora” percebeu da minha inocência,
No fim da tal orgia teve de sua “ciência”,
Que me surpreendeu, no momento, foi…regalo!
Ia pra pagar… Então a Senhora disse assim:
Olha meu “menino” guarda lá teu “pilim”,
Aparece daqui a uns anos com mais “calo”
SERÁ MELHOR…?
Amigo, dizes que seja fiel…! Será isso certo…?
Todos sabem ser fiel, leal é hoje treta,
Se seguires isto à risca, jamais terás cheta,
Pra singrar, enriçar é, preciso ser esperto!
Já vi o um digno honesto acabar na valeta,
Ouviu, agarrou-se a isso, caiu lorpa ali perto,
Não saiu da cepa torta, ficou n’um deserto,
Compreendi, foi o maior tolo do planeta!
Tarde! Percebi na vida o melhor é se talha,
É fazer o que vires fazer, mesmo canalha,
Ser ousado em tudo, louco, cínico, cruel…!
Porque vi a vida do meu vizinho, simples trolha,
Tinha lindas, mulheres, Jaguar novo em folha…
Como? Claro, com trafulhice que tenha”papel”…!
O TEMPO É DINHEIRO
O tempo é o único bem totalmente irrecuperável.
Recupera-se uma posição, um exército e até um país,
mas o tempo perdido, jamais.
(Napoleão Bonaparte)
Os homens falam em matar o tempo,
Enquanto o tempo silenciosamente os mata.
(Dion Boucicault)
Dizem, o tempo é dinheiro…Uma das verdades
Que devíamos ver, sensatos… que me diz assim: --
É, foi, por isto que cheguei a velho, no fim
Por perder tanto tempo, com certas veleidades!
Quando novos, desconhecemos esta anexim,
Creio que o ensino tem sim, estas faculdades,
Mas pensam: há tempo por essas oportunidades,
Que sem ver, o valor do temo é velho, sem “pilim”…!
Tarde! Bem tarde! Faz contas! Dá real balanço,
À sua vida pra ver onde foi o falhanço,
Então vê o tempo perdido com folias e orgias…!
O tempo passou! Não se pensou, o tempo pede contas,
Não tem dinheiro? Pudera! Não vê, fez afrontas,
Agora o tempo não lhe pode das mordomias!
DIA INESQUECÍVEL, DIA TRISTE…
(…A “corrida” dos incompetentes,
Que governaram…indecentes..!)
== 23 == 03 == 2011 ==
Caros cidadãos:
Portugal uma vez mais fez negativa história,
Mostrar ao mundo um governo incompetente,
Com um partido só pensou tirar a pele à gente,
Com politica péssima, como não há memória!
Caiu! Ruiu! O estado fica n’um estado indecente,
Com divida monstruosa, lá fora, tão notória,
Que diz-se: “Nossos netos vão pagar esta inglória”,
Quanto a mim deviam ser julgados severamente!
Desculpam-se… “ Há ambição ao poder, no momento,
E ELES? É, não querem, claro deixar S. BENTO
Deviam dar-lhe SÓ o “mínimo” como reforma…
…Pra que sentissem o cerne desta vida actual,
Mas nunca passa isto, nem sequer vão a tribunal,
Vão ter as mesmas mordomias, alguém informa!
Amor, amor, embriaguez sem nome,
Que nos enche de magoa e alegria;
Febre que desde o berço nos consome
E nos torna felizes todavia;
Gérmen de gozo, cálix de amargura
Que produz mais estragos que o veneno;
Miragem, pesadelo, sonho ameno
Que a mente nos afaga e nos tortura;
Um fogo que nos queima e não faz mal;
Um sentimento, um desvario tal
Que a todos a cabeça traz à roda;
Espinho que não fere; folha d’hera
Que nos seios da humanidade toda
Germina, cresce, lavra, um simples som
Qu’encerra quando o mundo tem de bom!
O mundo sem o amor é coisa triste,
Vazio o coração nada se sente,
Nada se goza e nada, em suma, existe.
Só ele, o amor, alegra e anima a gente.
A própria criancinha quando a mãe
Lhe chega, tendo-a ao colo, ao lábio a mama,
Em sorrindo não sentirá também
As vibrações do amor, do amor a chama?
A par dos seus instintos de furor
O tigre, a hiena, as feras mais estranhas
Não abrigam por vezes nas entranhas
Esse instinto do bem, chamado o amor?
À rola, aos rouxinóis, às cotovias
Quem lhes ensina as doces melodias
Senão o amor, esse imortal mistério?
O amor…! Só não existe quando já
O nosso coração triste, roído está
Dos vermes e do pó do cemitério!
. AMIZADE É: Um conselho é ...