O AMOR DA SALOIA
Junto à estrada frondosa,
Pertinho da densa floresta,
Vivia em permanente festa
A Rosa saloia formosa!
Era uma jovem donzela,
D’olhos grandes azuis,
Perdidos lá nos grandes pauis
Não havia jovem como ela!
A moça bem cedo desperta,
Com um vestido de chita,
Meu Deus, como vai bonita,
Que perto o ZÉ, está alerta!
Há dias contou-lhe um segredo,
Que agora o traz consigo,
Quando vai ceifar o trigo,
Espera o ZÉ, mas tem medo!
Contente, canta uma cantiga,
-- Meu Deus como está risonha,
Com aquele segredo sonha,
Será paixão da rapariga?
A Rosa tinha sido pedida,
Em casamento aos seus pais,
Aquela f’licidade era demais,
O amor do ZÉ, mudava sua vida!
Depois na rede na varanda,
Preguiçosa à sombra se deita,
Sempre co’o olhar à espreita
Talvez o ZÉ por ali anda!
Acorda co’o voo dos passarinho,
-- Oh! Lindo sonho eu tive,
Oxalá que o seu ZÉ avive
O tal segredo lá no caminho!
Então espera a tarde toda,
Olhando! Sonhando co’a maré,
Que apareça no muro o ZÉ,
Para lhe falar da boda!
E passa a vida tranquila,
Sonhando co’os amores,
Sem ter no peito rancores,
Do duro amor que aniquila!
Este dia saiu co’os rebanhos,
Por ali, de serra em serra,
O ZÉ lhe diz, que a aterra,
Na capela correm os banhos!
Quem sabe? Abre os olhos,
Um dia ali no seu monte,
Ventura mais desponte,
Ver brincar dois pimpolhos!
O NOSSO QUARTO
Um quarto que derrama chama,
há anos nesta cama,
(À Dolores que comunga com meus amores)
DOLORES:
Aqui no DOIS AMORES existe ambiente,
No seu int’rior, que de ver, gozar não me farto,
É, meu amor, o lindo recheio do nosso quarto,
Onde a cama, nos atrai com magia ingente!
É aqui, a vida, o oaristo que contigo reparto,
Íntimo ou banal, diário fica ao corrente;
Alegrias! Preocupações e, tudo mais decente,
Então “brincadeiras” d’ambos quase dão enfarto!
Este quarto, sempre teve este doce recheio,
Que repartimos com amor enorme ao meio,
Que só Morfeu pontual nos vem dar aviso…!
Creio qu’este quarto tem do amor fogaréu,
Quem sabe se não é um pedacinho do Céu;
Quem sabe se não é o cantinho do Paraíso?
NOSSOS BEIJOS À NOITE
Eu já te disse: Amo-te! Amo-te, garanto,
Que outro tesouro não tenho no mundo,
Só a esp’rança de veres esta amor santo,
Cuja grandeza vais ver não tem fundo!
Não vês! Não sentes, este amor já tem manto,
D’alegria de te querer já te confundo,
Com meu viver, por isso, meu bem, te canto
Tudo entre nós há-de ser feliz e jucundo!
Porque duvidas tu que invento ou minto,
Bem sabes quanto arrisco saltar o recinto
Pra te beijar à noite é o mágico ensejo…
Ah! Como és formosa à noite, toda tremes
Só espero que no escuro um dia m’algemes,
E ficamos pra sempre ligados por um beijo!
A MANEIRA DA RAMEIRA
(Autêntico)
Enfeiticei-me, quando rapaz, d’uma Margarida,
Era minha vizinha, formosa entre as formosas,
Fiz-lhe a côrte amorosa na forma devida,
Com cartas, bilhetes com frases calorosas!
Não m’atendia; julguei que era comprometida,
Enviei-lhe um grande e lindo “strauss” de rosas,
Era, jurei, será a minha ultima investida,
Foi em vão…Pudica? Talvez das tais vaidosas?...
Comecei a desconfiar…Vou segui-la de perto…
Uma tarde, via-a sair… Ia saber tudo de certo,
Aquela hora! Bem vestida! Cinema? Café?...
Pertinaz, lá fui no rasto desta linda figura,
Ia ver qual a vida daquela mulher perjura,
Despia-se n’um bordel no Cais do Sodré!
SOGRAS AMNÉSICAS!
(Atenção, nem todas são assim,
A minha foi uma santa...)
Dizem p’r’aí que as sogras são empecilhos,
Sempre fofoqueiras, com olhos de camaleão,
Metem o nariz em tudo, enfim, causam sarilhos,
Entre filha e genro, a filha tem sempre razão!
Beijos ou intimidades, perante os filhos,
São no seu ver, inconcebível educação,
-- Credo! Jesus!, são libidinosos pecadilhos,
-- No meu tempo isso filhos, não se fazia, não..!
Porém, pobre Senhora, perdeu, talvez a memória,
Quando jovem, esqueceu a abrasante “história”
Que teve co’o seu Man’el lá atrás, no palheiro…
Por isso e aquilo, dizem são todas um “veneno”,
Quando moram todos juntos eu, sim, as condeno
Sogras d’esse calibre, amigos, nem, cheiro!
POETA NÃO SOU…
(Resposta oportuna a muita gente…)
(Soneto acróstico com meu “apagado” nome:
NELSON FONTES CARVALHO)
Nome de Poeta, todos me dão a seu jeito,
Entre muitos o modo é, um tanto satírico,
Limito-me só a sorrir, pois não sou lírico,
Sómente faço rimas, este gozo aproveito!
Outra coisa talvez queiram dizer: “empírico”,
Nestas andanças sempre andei a par direito,
Componho como sei, visto à lupa, suspeito,
Assim o poeta fica no gavetão vampírico!
Respondo, este poeta é um velho amador,
Velho, bem velho, mas teima falar d’amor,
A Musa f’rida chama-me, nomes, com rancores!
Logro com prazer e sinceridade completa,
Hora a hora há um ser que me vê: POETA,
Orgulha-me muito ser poeta prá DOLORES!
AGORA CANTO EU…
O fado que sempre canto,
Tem por base esta verdade,
Sobrevive, meu deus em quanto
Tive lembranças da mocidade!
O fado tem o não sei o quê
D’alegria e melancolia,
É filho d’algo que não se vê,
Da saudade que nos arrelia!
O fado é, canção de amor,
Talvez eco d’uma chama,
A guitarra dá-lhe valor,
Que o nosso povo muito ama!
O fado vive lá na Bica,
A lembrar o imortal Farinha,
Por isso é que s’explica,
Como o povo o fado adivinha!
O melhor fado é o vadio,
Cantado no bar da esquina,
Entre copos de vinho a fio,
Ou nos braços d’uma ”menina”!
O fado é aquela canção,
Que causa sempre surpresa,
Qu’entra em todo coração,
De toda gente portuguesa!
O fado mora na Madragoa,
No Bairro Alto teve sua era;
Que contagiou toda Lisboa,
No bom tempo da Severa!
O fado tem, sim este guia,
Dizem da boca do nobre,
Contudo tem mais elegia,
Se sair da boca do pobre!
UM NOIVADO…
Meu pensamento ao ver
Uns noivos na igreja
Uma longa viagem começa com um único passo
Lao Tsé
O amor torna tudo brilhante,
agradável e vantajoso.
O amor é o vaso que contém alegria!
Madre Teresa
Quando noivos se casam, tudo diz: Felicidades;
É uníssono este clamor em qualquer enlace,
O casamento é um sonho e, nunca passe-passe,
Quanto a mim é, um acto cheio de vontades!
É o sonho de dois amantes, que ninguém mace,
Essas felicidades são ditas com finalidades,
Pra que, p’la vida fora não façam maldades,
A compreensão tem que imperar e, não fugace!
Gozem! Tenham felicidades queridos noivos,
Que vossa vida seja jardim de rosas e goivos,
Mostrem qu’essas f’licitações tiveram robustez…
Porque a vida - todos sabem – não é só doçura,
Façam juntos que a vossa seja mar de ventura,
E muito breve tenham risos, de serem três!
QUARTA-FEIRA
17 == XII == 2010
A todos que trabalham ou não,
Desejando um santo dia com saúde
E boa disposição a fruir este dia.
Os dever entre amigos são os cumprimentos,
Talvez, todos os dias, de qualquer maneira…
Aqui estou a desejar uma boa quarta-feira,
Com saúde, com sorrisos, sem aborrecimentos!
É meio de semana, já um pouco de canseira,
Já merece um almoço ou, outros momentos
Com esposa, pra desanuviar os pensamentos,
Tendo tempo, basta ter vontade à beira!
Como o tempo está, triste, com maus ventos,
Vá, amigo, goza co’a esposa a tal “brincadeira”
A Paz do lar, pode ter muitos desses inventos…
…Usa teu amor, humor, com transparência inteira,
A esposa adora tem sempre bons argumentos,
Pra eternar esta quarta-feira talvez…na “banheira”!
QUEM EU SOU?....
Ser poeta é ser cantor,
De melancolia e d’alegria,
Ter loucuras pelo amor
Ver em tudo poesia,
Seja vivo ou descrente,
Sua lira sempre fala,
E sua alma tudo sente,
E seu estro nunca cala!
Quem sou? Sou moreno de cabeleira basta,
Gorducho, tenho sim, mediana figura,
Trago no espírito a probidade vasta,
Que caracteriza, minh’alma doce, pura!
Não sou Solón, nem desempenho pasta,
Sou apenas uma humilde criatura,
Tenho pena não descender da culta casta,
Nasci, contudo ávido de cultura!
Não sou poeta; nem na politica cismo,
Adoro e professo o poético lirismo,
Dedilho a velha lira pra que m’encorage…
Tento fazer quadras, sonetos como sinto,
Sigo o estro seco que pede, não minto
Talvez um pobre louco, pra chegar a Bocage!
. AMIZADE É: Um conselho é ...