EDELVEISSE SIMBOLO LENDÁRIO
(À Dolores recordando flores…)
(Símbolo Talismã do Amor,
(Muito popular na Áustria e Alemanha
Mais na Baviera (Tirol) com
Canções muito bonitas)
Aqui em Belverde todas ruas são um encanto,
Com nome de flores, ou seja virtual odor,
Que aspiro no passeio, vá lá pra onde for,
Tulipas! Lírios! Alecrim, que gosto tanto!
Mas há dias, encontrei uma estranha flor,
Rua “Edelveisse”, que me causou espanto,
O “Símbolo talismã do amor”… O velho canto
Alemão que pensei logo em ti meu amor!
Sim, Edelveisse tu não esqueces, eu não olvido
Que agora passo ali, é meu passeio qu’rido,
O nosso amor-perfeito, Edelveisse são flores!
Que viveram entre nós com sublimes delírios;
Da rua das chagas, chego à travessa dos lírios,
Mas trago sempre o Edelveisse prá DOLORES!
A PARAFRASEAR ADÁGIOS POPULARES
Quem roubou a primeira vez,
Perdeu o brio e sensatez
Pois que comer e coçar,
A questão é começar.
Se a dor teu peito tortura,
Alegre canção descanta;
O sonho ledo procura,
Quem canta seu mal espanta!
Todo negócio a fazer,
Antes mesmo que te cases,
Para não te arrepender,
Olha e pensa no que fazes.
Gente boa é coisa rara,
Não nos engane a feição;
Ninguém há que vendo a cara,
Decifre o tal coração.
Guarda bem isto, Clemente,
Fica espreitando de longe;
Nem quem mais chora, mais mente,
Nem o hábito faz o monge!
Se vais pró trabalho cedo,
E voltas, quando anoitece,
Atenta bem neste segredo:
Quem mais faz menos merece!
Não invejes a mansarda,
Às riquezas do vizinho;
Acaso, quando Deus tarda,
É que já vem no caminho!
Se tens no lar muita gente,
Apronta amável o bufete;
É sabido, é voz corrente,
Quem convida dá banquete1
Fica certo, caro João,
Da verdade que te digo:
Se é Deus quem dá o pão,
-- Ele é quem dá o castigo.
MINHA AFRODITE VIZINHA
Quando minha vizinha passa, é um espanto
Deixa pra trás de si um halo de doce essência,
Com tais requebros de sereia atrai a assistência,
De piropos atrevidos a venerar seu encanto!
Seu divo corpo é um mar de…concupiscência,
Sempre de vestidos justos a desenhar tanto, tanto,
Que faz estremecer de gozo até um santo,
Tanto donaire, qualquer homem perde a def’rência!
Ai! Quando ela passa elegante, bacante,
Com seu ar senhoril – ela sabe – provocante,
Com tantos galanteios obscenos se presta!
Eu sinto, eu vejo com alguma pena e censura,
Ver tal mulher a exibir tanta, tanta formosura,
Não é como aparenta ser, não é… honesta!
O SER POETA
Os poetas são como os pássaros,
A menor coisa os faz cantar.
( Chateaubriand )
Um poeta é um rouxinol,
Que se conserva na escuridão e canta para alegrar
A sua própria solidão com maviosos sons.
( Shelly )
Poeta…! Ser bom peta é, ser no mundo,
Alguém que tem um canário no peito,
Canta com ou sem amor; triste ou satisfeito,
É permanente; é lindo, constante é, fecundo!
Tem mãe…! Tem amante ou qualquer ser eleito,
Dedilha sua lira com estro fundo, rotundo,
Quando apaixonado é único, profundo
Qu’encanta ser poeta a tudo brinda preito!
Contudo, todo poeta tem sua história,
Quase sempre grande amor, prenhe de inglória,
Verseja com rimas, melancolia com elegia…
Só ele sabe as contas certas de seu rosário,
Ser poeta, não é bem, ser esse sonoro canário,
Quase sempre sofre e desabafa n poesia!
TE BE OR NOT TO BE
(À MINHA ESPOSA DOLORES
TODO MEU AMOR E PREITO)
(1)
Ser ou não ser! Meu Deus, o que *as vezes esconde,
N’estas horas de febre, esse dilema cruel!
Ah! Se interrogo o céu, o céu não responde,
E o mundo a encher-me sempre o coração de fel!
E diz-me: -- “Tem Fé! Caminha! —E pra onde?
Se a duvida as incertezas acodem-me em tropel!
E seres tu, só tu, que esta minh’alma sonde,
Quando chego a descrer, n’esta infeliz babel!”
Existirei ou não?... Mas se existisse, um dia
Havia de quebrar a atroz melancolia,
Que sinto aniquilar meu pobre coração!
Ó mulher que tens sido o meu farol na vida,
Olha o futuro e vê… desvenda-me, querida,
O segredo fatal… Existirei, ou não?!...
(2)
Não julgues que viver assim, n’esta incerteza,
Que vai murchando a flor da minha mocidade,
É ter constantemente o espinho da saudade,
A cravara-se-lhe n’alma embrutecida e presa!
Não te parece, não, esta ansiedade acesa,
Um martírio que esconde uma fatal verdade?
Não vês como ‘inda vou, em busca de quem há-de
Roubar esta existência às garras da tristeza!
Caminho sem cessar, desesperadamente,
Como a sombra de Hamlet, que passa, tristemente,
Interrogando o espaço, em luta audaz, suprema…
Seja depois da morte, além, do incognoscível,
Ou seja ao pé de ti, anjo d’amor sensível,
Ser ou não ser feliz, eis o fatal problema”
NÃO ao “ÃO”.
(Será bom conselho.?)
AMIGOS:
No soneto o ditongo “ÃO”, eu sempre o evito,
É popular de mais, ou melhor, não o vejo culto,
Quanto a mim, nos meus poemas não os exulto,
O repetido “ÃO” não é sonante nem, bonito!
Isto é modo de ver, sentir, mas não multo
Quem faz sempre suas rimas co’o “ÃO” aqui dito,
Cada qual vale-se do que tem, isto que cito
O “ÃO” é até um ditongo com som de vulto!
Vejamos pois,”ÃO” rima com paixão, coração,
Eternos vocábulos que têm certa adoração,
Entre os poetas segundo seu grau de, cultura!
O “ÃO” rima com cão, vão e…tão cacofónico,
Que aconselho, caros confrades, há outro “tónico”
Que evita o “ÃO”na poesia culta e segura!
. AMIZADE É: Um conselho é ...