EM SEIS ANOS HOUVE PLANOS
(…E muitos arcanos!)
Caros cidadãos
Voltamos, após seis anos do caso Freeport,
Co’o despacho, que aliás era já esperado
Seis anos? Não houve tempo pra ser interrogado,
O Primeiro… Que foi de férias pró Pólo Norte??’
Meu Deus, ao ponto do estado deste Estado,
Querem tapar o sol co’a peneira, com tal corte,
Quanto mais tapam pior se vê, conduta e porte,
D’um descaramento, ‘inda mais se vê o culpado!
Não houve tempo…? Farsa do circo de S. Bento,
Co’o Zé-povinho, não veja, quem vai no convento,
Em tantos casos, em nenhum há provas concludentes!
Caso TVI! Freeport! “Luvas” e “luvas” ó! Tantos, Tantos…
É mesmo pra dizer: -- Meu Deus são mesmo santos,
Prá justiça ter medo de dizer: Mentes! Mentes!
MAIS CEM ANOS!
(À Dolores)
Amar uma pessoa significa
Querer envelhecer com ela.
(Albert Camus
Dolores:
Se a vida se pudesse prolongar por medida,
Qu’ria só isto viver mais cem anos contigo,
Curvado, recostado no teu colo amigo,
A recordar toda nossa maravilhosa vida!
A conquista do Dois Amores, e, isto sempre digo
Merecia o dobro da idade assim vivida,
Agora, ouço, vejo, não foi bem concluída,
Faltam mais cem anos, deste sagrado abrigo!
Quero dizer, devia haver um divino decreto,
Prós amantes que na terra vivem afecto,
Mais cem anos no mesmo amor e harmonia!
Se fosse a pedido, qu’ria ser…Bicentenário,
Estar junto de ti, até ao fim do meu fadário,
Ou melhor, morrer nos teus braços era alegria!
PARTE DE MEU TESTAMENTO
Porque amei a vida,
Não terei nenhuma tristeza ao morrer.
(Amelia Burr)
Viver nos corações que deixamos atrás de nós,
Isso não é morrer.
(Thomás Campbell)
Quando a minha voz se calar com a morte,
O meu coração continuará a falar-te.
(Tagore
DOLORES:
Chegou a hora— Já esperada— do desalento,
Após tanta luta, alegria, planos, doridos
Que tenho que dizer aqui no meu testamento,
Até os segundos que vivi contigo, foram qu’ridos!
“Parto”! Qu’ria que fosse eterno nosso casamento,
Vivemos tantas coisas nestes anos volvidos;
Agora, pra ti tudo vai ser doloroso, cruento,
A vida é, cantiga, com refrão de mil gemidos!
Gostava de durar como esse lendário matusalém
Pra viver contigo esta união de bem,
Sou mortal, “tenho que ir”, oh! Que pena querida!
A grande ventura que tivemos é, agora de dor,
Deixo-te, só mas deixo-te certo co’o meu amor,
Que sempre encheu d’harmonia nossa vida!
O MEU TESOURO…
(À DOLORES)
Nem as minas de Salomão
Têm connosco comparação!
Não somos amados por sermos bons.
Somos bons porque somos amados
Desmond Tutu
Amar uma pessoa significa querer envelhecer com ela.
(Albert Camus)
DOLORES:
Ouve, Meu Tesouro, sim, tu foste meu tesouro
Que descobri na minha, já longa existência,
Teu amor, tua dedicação tem sido a essência,
Que perfumou, enriqueceu nosso lar de ouro!
Ouro?! Que se fundiu em amor…resistência;
Ouro, que no Dois Amores deu sonoro estouro,
Estouro que no Dois Amores se tornou…agouro
Agouro que em tudo imperou união e querência!
Pois bem, Meu Tesouro, é isto que grato douro,
Cada minuto nesta casa sob tua competência,
É riqueza que vejo, sinto, é meu sorvedouro!
Pois tu és o vetusto Tesouro da minha vivência,
Que está visto é, inesgotável e imorredouro…
Nada mais carece um homem ter esta opulência!
UM AMOR DE AMARGOR…?
O amor é a ciência que todos aprendem, sem mestre
(CAMPOAMOR)
O amor é o tormento de uns,
A felicidade de dois e a inimizade de três (Anónimo)
Amor? Encanto! Um dia viveram em meu peito,
Com tal fulgor, assim entendi sem receio,
Foram dois anos (?) d’um paraíso em cheio;
Foram dois anos (?) d’um paraíso perfeito!
Vivi no Céu, n’esse tempo sem ver nada…alheio,
Aquela mulher tinha tudo de bom e bem feito,
Formosa – Até demais— Talvez fosse seu defeito,
N’avenida era alvo de mil e um galanteio!
Comigo era correcta, no matinal passeio,
Grácil! Culta! Sempre atenta ao meu “paleio”,
Éramos os (e) namorados bem vistos de preito!
Um dia, esperei, esperei ao jardim não veio;
Vim a saber, fugiu com um pactolo do meio,
Que aprendi, a mulher bonita é um ser… feio!
O SORRISO DA MULHER…
Um sorriso! Um sorriso é o céu da nossa ventura
Ou o inferno da nossa desgraça. Se não projecta
Luz; espalha sombras; se não eleva abate;
Se não dá vida, mata; se não é Sinai, é o Érebo (?)
Como é belo sorver a vida do cálix de rubi
De uns lábios de mulher…? (?)
Um sorriso na boca da mulher que se ama
Após um dia passado como é costume,
É gozo raro é, colher da rosa o perfume,
É avivar bastante d’uma paixão que inflama!
Oh! Aquele sorriso, tão travesso assume,
É a cumplicidade do nosso programa,
É o nardo “diabólico” que assim aclama,
Que nos dá vida ou que à vida dá lume!
Mulher amorosa não mente n’esse sorriso,
É um vulcão de gozo que se vê é improviso,
Feliz de quem colhe amiúde este odor…?
Talvez seja arma poderosa ou transporte,
Que leva o homem ao Éden até à morte;
Ou leva o homem ao Fragetonte do amor!
MANHOSA PRECAUÇÃO
(Epigrama)
À porta da morte, se rala
Certo infiel de profissão,
Chama a esposa; e assim lhe fala,
Com impostura e comoção:
--“Olha, vou morrer é, doloroso,
És nova, casa-te outra vez
Escolhe logo novo esposo,
Pensa no amigo, José Cortez…?”
Atalha a mulher, Maria da Fé:
Ai! Perdoa, ó homem meu,
Não posso casar co’o José,
Porque outro já escolhi eu????
O ASTRO REI EM BELVERDE
O sol aqui em Belverde é por noção divina,
Mais quente, mais vivo na Travessa dos Lírios;
Talvez pra queimar os meus diários Martírios,
Que a velhice implacável hoje me destina!
Calculo que seja raro de todos os sírios,
É prazer que bafeja de gozo minha sina,
Que vai estando “fria” que ninguém imagina,
Como “suam” estes raios sadios, empireos!
Talvez sejam benesses quentes, raras celestes,
Que TU, meu bondoso Deus, um dia me destes,
Após tanta luta, teimas, lágrimas e dores…
Caí nesta pequena travessa linda de Febo,
M’ajuda a continuar a julgar-me mancebo,
Este sol aquece minha vida nos Dois Amores!
A LENDA DA RAINHA D. INÊS
Coimbra é sempre uma lição de história,
Quem visita nos enche de pura altivez,
Quinta das Lágrimas, recorda-nos D.Inês,
Com um grande amor de trágica glória!
Foi morta por D.Afonso IV, com malvadez,
Pra vedar o enlace com D.Pedro com vanglória,
Praticou um acto cruel como não há memória,
Que a lenda conta, abalou todo povo português!
As lágrimas de D. Inês criaram a Fonte dos Amores,
Que ali se vê, a recordar todos aqueles horrores,
Pois o himeneu d’ambos em segredo se mantinha!
D. Pedro, já rei, tornou-se com modos irritados,
Dois dos carrascos foram presos e, executados,
A dama Inês, depois de morta tornou-se rainha!
A ORIGEM DE (quase) TUDO….
(1)
Tudo, bom ou mau, surge na vida do homem
Por causa d’uma mulher que nos eleva ao Céu,
Ou nos transporta ao inferno, sucesso ou labéu,
Com marcas indeléveis que jamais se, somem!
Pode-se ver, as mulheres com um “certo” véu,
Que quando se descobre, o bom do homem consomem,
--“Perdão! Não quero que ant-feminista me tomem—
Eu as defendo, mas Deus! armam cada escarcéu?...
Há casos paradigmas: vejam Guerra de Trioa,
Puro exemplo maldito, uma mulher que era jóia,
Provocou – todo mundo sabe – essa guerrilha!
Na vida prática, há o pior, o sujo mavórcio,
Que acaba sempre n’um escandaloso divórcio,
Que se sabe, vê-se a mulher é do demo filha!
(2)
Nem todas são Bolonhas! Médicis! Madalenas!
Há mulheres que são únicas, raras, importantes,
São as que junto de de seus maridos boas, plenas
De sentimentos hora a hora são deslumbrantes!
O que acontece são erros, loucuras ou cenas,
Tem motivo os homens, também erram constantes,
Que originam quezílias, por vezes obscenas,
Que tomam caminhos que nunca tiveram dantes!
É sublime ter uma mulher, depois do namoro,
Bem autêntico, aprovado, com todo decoro,
Formam um lar feliz com tudo lá dentro!
Essa mulher existe pra formar este paraiso,
Pra isto ambos devem ter seguro juízo,
Onde em tudo o mutuo amor seja o centro!
. AMIZADE É: Um conselho é ...