GRACIOSA IGNORÂNCIA
(Dedico este bucólico trocadilho
Ao meu particular amigo
Residente na SUIÇA, Sr. Jorge Vicente
Com AMIZADE)
Há casos que acontecem com humor,
Que gravar é preciso,
O acaso, por vezes vem compor,
Todo nosso juízo!
Leiam este gracioso epigrama,
Com graça ímpar…
Não é burrice que se lhe chama,
É saber isto interpretar
Um dia, o poeta teve a sina,
D’amar um “saloia”
Donzela formosa, guapa, divina,
Enfim, uma jóia!
Assim, fez-lhe versos, com veia,
Elevou-a à altura da lua,
Chamou-a a mais gentil da aldeia,
A esp’rança, a vida sua!
--Gentil! Pomba! Estrela! Vermelha!
A moça aldeã respondeu:
--Gentil! Ai! É nome da minha ovelha,
“Vossemecê” endoideceu!
VIVER SEM TI…
(À Dolores fonte dos meus amores!)
Viver sem ti, meu tesouro, nem penso n’isso;
Que seria de mim sem teu carinho, imenso?
Tu és a alegria deste lar, o inesgotável incenso,
Que essa ideia, nem me passa pelo toitiço!
Assim, pela idade, meu amor, vejo, penso,
“Parto”, sim, primeiro pra não haver reboliço,
Não faças caso, vê, com coragem este sumiço,
Junto de Deus lá t’espero, d’isto me convenço!
Mas sem ti cá na terra, não respiro, nem vivo,
Ó meu bem, os peixes não vivem fora d´agua,
Eu serei um d’esses peixes, morto conclusivo!
Sabes o que penso? És junto de mim eterna,
Isto é o meu conforto pr’adoçar minha magoa,
É pois esta doce esp’rança que me governa!
BELVERDE É MESMO VERDE
(Visitar Belverde nada se perde)
Meu bairro, distingue-se pelo seu nome, assim:
Belverde Ou Vale, cheio de Verde, qu’encanta,
Quem passa ou visita fica preso neste jardim,
Que dizem ser pedaço do Éden, há quem garanta!
As ruas têm nome de flores, zinia ao Alecrim…
Lindas vivendas, cada uma a si se suplanta,
Com buganvílias! Hortênsias! Íris, sem fim,
Tulipas! Rosas! Violetas, que noss’alma canta!
Não imaginem que é de poeta este galanteio,
Visitem BELVERDE, podem ver este asseio,
Que até esquecem a crise e…vossos martírios!
Como eu, morador aqui neste mágico “planeta”,
Que me fez poeta, mas que triste, está jarreta,
Nesta pequena e tranquila Travessa dos Lírios!
A MULHER AMANTE É…
A mulher é sempre cântico em casa seguro,
Quando é mulher amante, tem mais alianças,
Torna-se— como é, capaz— ministra das finanças,
Sendo assim, conselheira, a garantir o futuro…
…Da casa, quase sempre sofre grandes mudanças,
Ela com seu sexto sentido arranja um furo
De poupar, guiar, até mesmo, trespassa o muro,
Da má sorte que vence ou incute esp’ranças!
A mulher – Falo da elite da mulher— mulher
A mulher, bem formada, que sabe o que quer,
Que o homem sonha e, que nem sempre encontra!
Pra ter tal Fénix ao seu lado o homem precisa
Também de ser homem a condizer co’a mesma divisa,
Porque senão acaba por ter em casa uma… Lontra!
UM RARO ROMANCE D' AMOR
Romances d’amor sempre houve por todo mundo,
Romeu e Julieta! Pedro e Inês! Natércia e Camões!
Tantos, tantos que deixaram suspirar corações,
Que todos poetas recordam, segundo a segundo!
Mas isso são belas lendas que criaram ilusões,
Agora o amor Nelson e Dolores aqui difundo,
É sincero, com tudo que há mais jucundo,
Gozado com harmonia em todas dimensões!
Amo vivo d’anos, que parece que foi ontem,
Neste romance não há nada que apontem,
Pois entre nós o alcance tem puros tradutores!
Vincados n’um permanente e constante oaristo,
Que conjugamos amor e humor tudo bem quisto,
Assim é o romance d’amor de Nelson e Dolores!
A MARILIA E EU
(Recordação autêntica da juventude)
Quando meu pobre coração n’uma outra idade
S’enfeitiçou insonte, travesso, p’la Marília,
Ele me meteu n’uma complicada quezília,
Só eu sei o que passei com tanta falsidade!
N’avenida eu a esperava sob aquela tília,
Nosso oaristo era d’amantes de verdade,
Fazíamos o que os namorados fazem à vontade,
Com tanto amor, o desejo era formar família!
Tudo corria sob arco-íris….Até que um dia
Não veio, por encanto, evolou-se por magia,
Ninguém sabia pra onde tinha ido tal…fulana!
Lá descobri onde ela trabalhava com custo,
Que me disseram: -- Que ela e senhor Augusto,
Tinham fugido co’o patrão pra Copacabana!
SOLUÇÃO PRÁ CRISE.
Há crise?! Ó se há, não sou eu que a pinto,
Pode-se ouvir lá no arraial d’assembleia,
Qu’estamos metidos n’um grande labirinto,
Nem Édipo decifra esta tamanha teia!
Só servem gritar, ao pobre Zé“apertem o cinto”
A “coisa” está, vai estar, ainda mais feia,
O melhor é todos nós é, sairmos cá do recinto,
Pra ELES gastarem mais, à vontade é, a ideia!
Dizem, que no estrangeiro não temos crédito,
Por isso alvitro, promulguem outro édito,
--“Cidadãos, um pequeno imposto vai haver”…
…Vamos lá ver se pacíficos concordamos…
… Vamos breve pagar pelo ar que respiramos,
Assim alivia a crise, isto tem que ser…
BELEZA FATAL
Nas mulheres jovens, a beleza supre o espírito.
Nas velhas, o espírito supre a beleza
Barão Montesquieu
N’uma brilhante e cândida tarde de Agosto,
Descia tranquilo minha íngreme viela,
Quando enlevado contemplei certa donzela,
Julguei ver na minha frente um anjo, exposto!
Fiquei assombrado com esta aparição, bela
Resoluto seguia de perto com todo gosto,
Convicto que uma vez mais tinha um desgosto…
Tão linda, oxalá que seja também tagarela!
De repente, com espanto, virou-se e disse:--
-- “Olha, “puto”, cresce e aparece! Vê é tolice…!
Quero sim, dinheiro e fama! És essa pessoa..?”
--Fiquei tonto! Passado alguns anos em Alfama,
Encontrei-a n’um bordel na mais suja lama,
Co’a mesma beleza mas, descarada RASCOA!
A ESPERANÇA SEM LEMBRANÇA
Era linda! Um espanto, com nome d’Esp’rança;
Quando nos encontramos tudo bateu certo…
Eu, me chamava Cândido, assim nada esperto;
Ela tão formosa e a volúpia d’aquela dança…
Enfeitiçou-me. Pra mim foi um Céu aberto,
Apaixonei-me! Cego d’amor, com confiança,
Vislumbrei, ventura, harmonia n’uma aliança
Contraída, passado tempo na igreja, ali perto!
Foi muita esp’rança na Esp’rança formosa,
Que me caiu do Céu naquela noite radiosa,
Que minha candidez não viu nada mais além…
A esp’rança na Esp’rança ruiu n’um caos,
Após um escândalo conjugal com chistes maus,
Essa Esp’rança caiu algures n’um harém!
VELHA GALANTERIA
A ALGUÉM…
Senhora de tantos requisitos,
Aos vosso pés tão bonitos,
Ajoelho em terra, olhos no olhar,
Que a vossa fronte ilumina
--Eis minh’alma que se inclina
Humildemente a rezar!
Do coração, nem sei como,
Fiz doce, maduro pomo,
Que oferto em vosso louvor,
Bem pode vosso carinho
Transformá-lo em doce vinho
São as labaredas do amor!
Bem vedes, senhora minha,
Que a saudade m’espezinha
Se acaso vós me deixais.
Ficai, pois, sempre a meu lado,
Minha luz, meu sol dourado
De meus dias estivais!
Sereis a rainha das santas,
E, em meio avewnturas tantas,
Serei a inveja dos reis,
Por ser senhor do tesouro
Das finas madeixas de ouro
Que em vossa fronte trzeis.
Que eu admiro tanto, tanto,
Pois nunca contemplei tal encanto
Que me deixou embriagado,
De que a vi outro dia na rua,
Basta um SIM da boca sua,
Pra ficar pra sempre curado!
. AMIZADE É: Um conselho é ...